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terça-feira, agosto 16, 2011

A ilusão de uma jovem em florescência



Fantasia e conto de fadas não tem que ser confundidos. As duas coisas não são nem um pouco similares; são díspares como céu e inferno, como santidade e vulgaridade, e tanto quanto estamos preocupados nós devemos exterminar o conto de fadas da fantasia necessária. Ambas as coisas possuem o mesmo significado geral, porque são visões não-realistas e sonhos diurnos (enquanto estamos acordados), mas quando é sobre traduzí-las, não há uma grande diferença entre "É como um conto de fadas" e todo o gênero de fantasia? Claro que essa poderia ser a definição. De qualquer forma, quando as pessoas se referem a fantasia, elas estão com muita freqüência se referindo a contos de fadas, e isso é um grande problema. Nós devemos fazer uma clara separação de o que é fantasia e o que é conto de fadas. O sonho de uma santo é muito diferente do de um tolo, e ambos expressam características de sonho, embora o sonho diurnos seja completamente diferente em um nível atômico. A imanência de sonho de um conto de fadas tem a energia do humanismo antiquado que foi colorido com realidade. "Se eu tenho um sonho eu não posso ser derrotado!" "Não importa o que aconteça, eu seguirei meus sonhos!" Um conto de fadas procura o conforto e a gentileza em um sonho. Em um mundo pastel esmaecido, onde é absurdo acreditar que os corações das crianças sejam puros, um palhaço está derramando lágrimas sobre a falta de imaginação, e é isso que nós deveríamos rejeitar. Quando um "sonho" de fantasia cruza as fronteiras da realidade, resulta em um conflito. Quando nós estamos cansados da realidade, nós nos revivemos com fantasia. Então fantasia e realidade não são inimigos, são mais como suplementos.

Um conto de fadas é um sonho em forma de realidade, e a fantasia é a realidade em forma de sonho. Colocando de outra maneira, um sonho é a independência da possessão inflexível de uma visão de mundo. Um sonho é como se perder em um labirinto, com a decisão de nunca voltar. Edogawa Ranpo, Izumi Kyouka, Kafka, Delvaux, Bellmer, Ooshima Yumiko... todos esses, todos esses escritores que escolheram viver na fantasia, que não poderiam definir conto de fadas. Se nós traduzirmos fantasia como "ilusão", então conto de fadas também pode permitir-se traduzir como "ilusão"? O trabalho de Ooshima Yumiko, "Planeta de Algodão" (Wata no Kuniboshi), sobre chibineko (gatos minúsculos) que reconstruíram o mundo em um simples relance, é o que o shoujo mangá se tornou. No instante em que um sistema para contos de fadas foi escrito, isso leva ao fundamento de "Um estranho conto da ilha Panorama" de Edogawa Ranpo, sobre uma utopia escondida de grande vontade. Por causa da poesia, o mundo todo havia feito uma transição através de uma estética chamativa. O conto de fadas contido no gato protagonista de Ooshima tinha igual habilidade, mas em um estilo diferente, o que eu penso que seja uma mistura de fantasia já estabelecida sem a mesma qualificação. Hello Kitty e Miffy podem se tornar tanto conto de fadas quanto fantasia. A escolha é sua. Mas se você achar Hello Kitty insanamente linda, e apesar da técnica manufaturada áspera, no estilo Andy Warhol, você ainda grita "kawaii", então Hello Kitty provavelmente se tornou sua fantasia. Quanto a mim, eu acho que as bonecas Rika são adoráveis, eu acho que as bonecas de Yotsuya Simon são adoráveis, eu acho as ilustrações de Tenniel de Alice no País das Maravilhas adoráveis, e eu também acho que as fotografias de cadáveres de Joel Peter Witkin são adoráveis. Quando uma jovem segue alguém no suicídio por sua própria vontade, parece um sonho. Mas ela não pode acordar duas vezes, essa donzela em florescência que chegou ao fim.


Créditos:
Original:
Novala Takemoto em "Soleilnuit"
Tradução para o inglês: Wild Rose Lolita
Tradução para o português: Ichigo

terça-feira, setembro 21, 2010

Decadência Matinal





Algumas vezes eu tento acordar cedo. Perto do raiar do dia, é como se a atmosfera azul da manhã tivesse sido perfurada e partida a força. E é uma manhã tão cedo que apenas o entregador de jornal e o trabalhador do turno noturno a conhecem, e mesmo os anciãos ainda não saíram da cama.
Enquanto assisto o padrão de teste na televisão, eu me visto impecavelmente, porque, bem, é o começo de um novo dia. No primeiro trem há poucas pessoas aqui e ali. Do trem há dificilmente qualquer sombra de carros na estrada, e as venezianas das fachadas das lojas estão fechadas, e o empilhado de sacos de lixo parece estranhamente esalante, enquanto eu me pergunto se um dia me acostumarei com esse cenário matinal.
"Arte é feita a noite", é o que costumavam dizer nos dias antigos. Mas nós vamos ter que abandonar essas superstições. Naquele tempo, uma noite livre era como um privilégio. Mas agora as pessoas comuns caíram nas mãos da noite. Assim que o último trem passa, pessoas transbordam na cidade. Isso para não dizer que esses são os tipos que são excessivamente interessados na noite. A superstição sobre a noite carrega algum poder, mas apenas um pouco devido a um senso de delinqüência.
Atualmente a noite representa um tipo de democracia, onde você pode ir à tarde aos mesmos lugares que você pode à noite, essa decadência foi perdida. Então, com isso em mente, eu estou supondo que funcionaria se nossos amáveis lugares decadentes fossem estabelecidos na primeira manhã.
Agora que a vulgaridade da noite acabou, há aquele momento de tranqüilidade antes que a hora do rush comece. Nós somos jovens damas, e não tem havido criação de um novo lugar para a decadência matinal. Se nós sairmos a noite, papai e mamãe nos repreenderiam. Mas, eu não acho que eles poderiam encontrar negligência em nós por sairmos bem cedo de manhã.
É a mobilização do comportamento, como o pensamento clássico. No presente é bom ser mente aberta o bastante para engolí-lo completamente, e esta é a forma mais arriscada de decadência. Depois disso, arte será criada pela manhã.
Se você acha que quer ser uma artista, de agora em diante abandone a lenda de beber álcool à noite, e de manhã comece a beber café com leite. Assim como os pombos durante a manhã no parque batem as asas para longe, você bebe café fresco com leite, e seu coração pula com um senso de genuína inversão.
Todavia, essa essência de imitação é verdadeira decadência, e com isso você não pode se tornar uma donzela apropriada e bela. Para ser verdadeiramente de alta classe, a manhã deve ter a essência de uma atmosfera nítida e clara, uma que extraia a reação de decadência. É muito, muito mais difícil comandar a manhã do que é comandar a noite.
Há benefícios em acordar cedo. Por exemplo, sair em um encontro. Você marca um compromisso num café, e pelo preço de uma caneca de café você pode comprar um café da manhã inteiro, e imediatamente depois você pode ir o parque ou às lojas assim que elas abrem. Os cinemas também oferecem descontos matinais, o que é obviamente um benefício se você está com pouco dinheiro. Se você acordar cedo pela manhã você dormirá durante a noite, e evitará a indecência dos shows noturnos na TV, e se você não ficar acordada até tarde, sua pele se tornará adorável e suave.
Vá para a cama por volta das nove da noite e acorde às cinco da madrugada. Esse é estilo de vida mais atrativo. Eu vou fazer o meu melhor para fazer isso, então eu imploro que você também dê todo o seu esforço.

Créditos:
Original em japonês:
嶽本野ばら (Novala Takemoto) from Soleilnuit
Tradução para o inglês:The Wild Rose Lolita
Tradução para o português:
Ichigo

sábado, março 20, 2010

Novala Takemoto

O romancista Novala Takemoto tem como animal de estimação um cervo empalhado em seu apartamento decorado de maneira pouco usual em Tokyo.
"Isso não quer dizer que eu queria me tornar uma garota. Simplesmente, eu não estava interessado em coisas para garotos. Eu gostava de coisas femininas. Coisas masculinas são suadas, então eu não gostava delas." NOVALA TAKEMOTO, escritor.


Por fora, parece um prédio de apartamentos comum de Tokyo. Mas se você encontrar a porta certa, e se você for convidado a entrar, você imediatamente se encontrará num País das Maravilhas excêntrico e estranho.
O perfume Christian Dior faz cócegas no nariz e Bach nos ouvidos. O cervo empalhado faz com que se sintam em casa com seus amigos: uma boneca loira num vestido de tafetá, Doraemon, um relógio da Hello Kitty e um aparentemente desconfortável incontável número de outros objetos, alguns mundanos, alguns surpreendentes.
Essa é a visão numa sala de 15 esteiras tatami (Nota: aqui não sei se haviam 15 tatamis ou se é uma unidade de medida ^^"). Bem vindo ao mundo do romancista Novala Takemoto.
É entre essas paredes - essa fantasia - que aqueles romances "Lolita" ultra-femininos nascem. De fato, o próprio escritor é um herói entre a multidão lolita, garotas e mulheres que têm predileção por rendas e bonnets e laços e babados.
Takemoto tem maçãs do rosto altas e cabelo selvagem. Ele poderia ser uma cara de boa aparência ou uma bela mulher (Nota: EU RI MUITO XD Desculpem, não resisti ao comentário ^^"). Quando pedimos que ele descrevesse a si mesmo, ele diz: "Bom, eu sou homem e heterossexual. Quando um homem heterossexual é assim (totalmente apaixonado por objetos femininos), geralmente dizem que é por inflência de uma irmã mais velha. Mas eu não tenho uma irmã mais velha. Ninguém me influenciou. Imagino que eu seja uma mutação."
Vestido em um traje que é uma mistura de Vivienne Westwood e Comme des Garcons, ele serve chá gelado em copos de Alice no País das Maravilhas, colocando as bebidas em descansos de copo com estampa de morangos.
Takemono, que não irá revelar sua idade - um plano para manter sua aura misteriosa intacta - entrou para a multidão literária com seu primeiro romance "Mishin" em 2000. É a fábula de uma linda lolita que é vocalista de uma banda punk, Mishin, e a colegial que a adora.
Embora Takemoto tenha sido indicado para o Prêmio Literário Yukio Mishima por "Emily" e "Lolita" em 2003 e 2004 respectivamente, foi "Shimotsuma Monogatari" que fez dele uma celebridade. Um filme baseado no livro foi uma grande febre no Japão este ano (Nota: esse artigo é de 2004). Está marcado para ser lançado como "Kamikaze Girls" em sete países incluindo Estados Unidos, Itália e Espanha.
COnhecido como um romancista com a alma de uma donzela, Takemoto diz que o senso de beleza Lolita é o mais importante aspecto de sua escrita e sua vida. No Japão a palavra "Lolita" conjura uma imagem de garotas enfeitadas com trajes estrangeiros de babados, mas ele diz que é tanto uma maneira de viver como uma afirmação de moda.
"Lolita é uma forma de esteticismo. Eu acho que lolita é uma condição na qual dois elementos conflitantes coexistem sem contradição, por exemplo, alguma coisa tanto grotesca como fofa", ele diz. "Uma lolita ama Alice no País das Maravilhas por causa da situação caótica no País das Maravilhas, é muito característico".
Essa estética lolita é especialmente notada em "Shimotsuma Monogatari", que conta a história de uma amizade diferente entre duas garotas colegiais vivendo na rústica Shimotsuma, na prefeitura de Ibaraki. Momoko é uma lolita que sonha em viver num magnífico reino que lembre a França na época do Rococó. Ichigo é uma motociclista punk.
A princípio, as garotas parecem não ter nada em comum, mas fica claro que ambas são personagens com força de vontade que não tem medo de ser verdadeitas com suas crenças a depeito do que os outros pensam.
Solitários similares com seus próprios conjuntos de valores aparecem com freqüência nos trabalhos de Takemoto. Ele diz que tais personagens são seu outro eu.
Nascido em Kyoto, ele foi criado numa família de classe média normal. Introvertido como um garoto, ele passava seu tempo desenhando e lendo. Um dia ele viu "Candy Candy", um desenho popular da TV baseado numa história em quadrinhos para garotas. Takemoto ficou encantado com a fábula sentimental de uma inocente garota órfã adotada por uma famíia aristocrata.
"Eu não estava interessado em coisas de garotos como fazer modelos de plástico ou esportes, então em me sentia meio fora de lugar", diz Takemoto. "Depois de ver 'Candy', de qualquer forma, eu finalmente fiquei feliz por ter encontrado o que eu gostava".
Enquanto seus pais desesperadamente tentaram fazer com que ele se interessasse em brinquedos de garotos, Takemoto importunava-os por bonecas e produtos Candy.
"Isso não quer dizer que eu queria me tornar uma garota. Simplesmente, eu não estava interessado em coisas para garotos. Eu gostava de coisas femininas. Coisas masculinas são suadas, então eu não gostava delas."
Previsivelmente, um colega de classe o provocou, chamando-o de "bicha". Isso não importava. Ele diz que não se importava.
Durante sua adolescência ele teve pouca vida social, preferindo dedicar seu tempo a desenhar e ler literatura japonesa, incluindo autores como Osamu Dazai e Yasunari Kawabata.
Depois que ele deixou de freqüentar a Universidade de Artes de Osaka, Takemoto expressou-se através de várias mídias. Como um artista, ele apoiou uma exibição solo de retratos de moda. Ele seguiu isso com instalações. Coelhos e anjos eram os temas favoritos pintados em relógios e grandes pinturas em tambores de óleo.
Foi por volta desse período que ele decidiu usar "Novala Takemoto" como seu nome de escritor. "Eu queria que garotas apreciassem minha arte como se elas estivessem comprando suas roupas favoritas", ele diz. "Para agradá-las, eu decidi usar um nome assexuado, "Novala", que tem duplo significado - rosa selvagem em japonês e estrela nova em inglês."
Takemoto começou a escrever como freelancer para revistas para se sustentar enquanto cantava em uma banda punk e atuava numa trupe teatral.
"Mesmo assim, meu interesse primário eram as artes, então eu considerei escrever como apenas uma trabalho de meio período."
O ponto decisivo veio quando ele recebeu uma oferta para escrever uma série de ensaios para um panfleto mensal com base em Osaka, "Hanagata Bunka Tsushin", que era distribuído em casas de arte, teatros, galerias e cafes ao redor do país.
No ensaio Takemoto discute sua filosofia, seus gostos e desgostos e seu senso de beleza lolita pela primeira vez.
"Quando eu fui convidado para escrever o ensaio eu decidi fazê-lo, as eu pensei que provocaria muitos leitores e seria cancelado após alguns números. Devido a experiências passadas, eu senti que se eu dissesse o que eu realmente sentia eu não seria aceito", ele diz.
Em um ensaio, ele escreve: "Donzela é aquela que permanecesse indiferente. Então é bobagem se você está desesperado para se tornar amigo de alguém que simplesmente evita ficar sozinho durante a hora de almoço."
Ao contrário de suas expectativas iniciais, os ensaios agradaram a muitos leitores jovens.
"Foi bastante surpreendente para mim. Eu não percebi que haviam pessoas que compartilhavam dos meus pensamentos e senso de beleza".
Uma compilação de sua série de ensaios, que continuou por seis anos, de 1992 a 1992, entitulada: "Soreinu: Tadashii Otome ni Narutameni" (Soreinu: tornar-se propriamente uma donzela), foi publicado em 1998, dois anos antes de "Mishin".
Agora, Takemoto considera escrever como seu principal objetivo de auto-expressão. Seu último livro, "Mishin 2: Kasako" é a muito aguardada continuação de seu primeiro romance.
Em um domingo recente, cerca de 300 fãs apareceram para conseguir o autógrafo de seu ídolo em uma livraria no shopping PARCO em Shibuya, Tokyo, em um evento para marcar o lançamento do livro.
Muitos fãs, a maioria garotas adolescentes em mulher entre 20 e 30 anos, estavam vestidas no estilo lolita como as personagens de seus livros.
"Eu me sinto um pouco envergonhada de usar um vestido como este na minha idade. Mas eu fui encourajada por seu livro. Eu percebi que está tudo bem agarrar-se ao que eu gosto", diz uma Fusako Hirano, funcionária de escritório de 32 anos da prefeitura de Ibaraki.
Finalizando com um vestido de verão da MILK com um chapéu de palha, entregou um enorme ramo de flores, hálito jovem para Takemoto.
Na tranqüilidade de seu apartamento, rodeado por seus tesouros, Takemoto diz: "Nós somos uma minoria nessa sociedade, mas eu quero dizer aos meus leitores para viverem uma vida baseada em seus próprios juízos de valores. Meus ensaios são como cartas de amor para eles. Agora eu escrevo romances, mas minha mensagem não mudou".
(IHT/Asahi: Jullho 24,2004) (07/24)

♥ Créditos:
Artigo em inglês: Lolita Handbook
Tradução: Ichigo

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